sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Roger

Bom... Já falei que eu "simplesmente" deleto datas fortemente tristes da minha cabeça?Pois é, lembro de tudo, como foi, sensação, mas a data exata... Esquece. E foi assim que ontem fizeram 5 anos que o Mimoso foi.
O Roger era um baita piá. Gradão, lindo, divertido e escrachado. Um bom aluno, meio atleta, "fugitivo" de CTG. Atendia por Mimoso, Quindim, Gordo, "Xorge". Não se estressava com nada, velhinho. Agora me veio na mente o jeitão dele sentar e puxar a perna pra cruzar em cima da outra. Bem, lembrei também dele atirando um pedaço de giz que acertou em cheio a minha testa.

O Roger era um guri especial. Um amigão silencioso, na dele, boa vida, lindão, que imitava a professora de Geografia como ninguém... Era um cara que quando "foi" arrancou muitos "não podia ser ele..." Ninguém acreditou, ninguém conseguia acreditar, e até hoje ninguém entende. Entender pra quê, né? Tenho certeza que ele próprio diria bem isso... Pra quê se estressar?
A gente não se fala, não se ligava. Era aquela amizade que você conhece tão bem quanto eu: está ali, mas a gente não tem tempo de ficar ligando, né. A gente "se sabe".É que acreditamos no todo o sempre, na juventude, na sequência lógica dos fatos.E hoje eu sinto muitíssima falta de poder pensar que ele está lá. Não sei em aonde, mas está... Vivo.

Eu lembro de muitas coisas dele. Lembro principalmente do último abração - por que o Roger tinha um abraço ENORME, de urso - e de uma visita técnica que a turma fez.Deu a maior confusão do mundo. A gurizada bebeu até virar as garrafas do avesso e o Pizzato, ele e eu não (o primeiro, estava fazendo tartamento, ou era o Roger... Enfim, e eu não bebo). Conversamos muito, nunca tínhamos conversado tanto...Me "mareja a garganta" em lembrar, em como ele foi aquele irmão mais velho naquela conversa e em atitudes depois dela.

Cara, que saudade dos meus amigos...Há 10 anos atrás os conheci e jamais passou pela minha cabeça comemorar a década de formatura (daqui a alguns anos) sem uma das pessoas mais amadas e importantes para todos nós.
Dã... Quem é que imagina uma coisa dessas...Mas o Roger faz falta.Ele lia, gostava e copiava os poemas (toscos) que eu escrevia. Se hoje eu penso que escrevo minimamente bem, a ele também agradeço por incentivar essa loucura.

Não sei se daqui a alguns anos terei histórias maravilhosas e mirabolantes pra contar da minha juventude, porque sempre fui a senhora certinha, a aluna obediente e prestativa, nunca fugi, nunca enchi a cara (e não tenho problemas com isso)...Não sei... E isso as vezes me preocupa...

Mas ao menos contarei dos bons e grandes amigos que tive e de como mudaram todo o rumo da minha vida.Ontem, quando "fui lembrada" que eram 5 anos já, eu me virei pro céu e disse pra ele que não ia lembrar, nem chorar.

Moças ocupadas não podem fazer isso.
Mas é que,
na verdade,
se eu parar,
desabo ao chão.

Beijos,
Marina