domingo, 31 de julho de 2011

Prendas VELHAS do Rio Grande, queimem suas bombachinhas!

Buenas...
Ontem aconteceu a convenção em que a Tainá Severo Valenzuela defendeu a alteração (em termos "normais") da "lei" que dizia que as prendas só poderiam concorrer a Prenda (entidade, região e estado) até os 24 anos.
Para minha tristeza e certa decepção (digo "certa", por que ainda confiava um pouco no bom senso do MTG - Movimento Tradicionalista Gaúcho), a alteração se deu dos 24 para a idade máxima de 27 no estado; a proposta era de 30 anos no estado.
Não pude ir, infelizmente, infelizmente, infelizmente... Mas de repente me sinto, talvez, um pouco contente por não ter ido, pois a essa altura estaria sendo execrada pelos "discípulos de Deus" (leia-se Deus: MTG) e certamente teria perdido meu cartão tradicionalista (com ose fosse o RG de quem participa do CTG - Centro de Tradições Gaúchas), e perdido o direito de participar oficialmente de qualquer coisa ligada ao Movimento. Não que me importasse de perder esse "RG" por este motivo, por que ter esse cartão, qualquer coió tem (e como tem...), quero ver amar o Rio Grande e trabalhar por ele, pelo povo e pela tradição, pela preservação do que é AUTÊNTICO desta terra, pra mostrar que os gaúchos são um bando de "bairristas" que sabem o que dizem e que não fazem nada além do que todo brasileiro deveria fazer: AMAR O QUE É SEU, PRESERVAR ISSO.


Não ouvi as argumentação dadas na convenção, mas, pelo que "historicamente" se sabe, o conjunto da obra determina: mulher serve pra limpar a casa, fazer comida e ter filhos. Ser metida a culta, inteligente e espertinha: naum.
Eu admito que digam que não sirvo pra namorar, que não sirvo pra dançar, que não sirvo pra fazer cálculos, que digam que sou "muito certinha". Admito que digam que minhas ideias são retrógradas, são antiquadas, são fora "da casinha", são velhas. Eu admito ter 27 anos e não ter muita coisa de boa construída nessa minha vida, não ter carro, não ter casa própria, não ter uma carreira de sucesso, nem ser a melhor aluna da classe (por que abandonei o estudo por causa do CTG). Admito minha idade, minhas rugas, celulites, estrias e toda imperfeição do meu corpo, meus defeitos, meus dramas, ter TOC, ser romântica, me jogar de cabeça, falar a verdade doa a quem doer. Admito ser exigente, as vezes teimosa e cabeça dura, exagerada e detentora de uma vida digna de tema de novela mexicana. Não me orgulho de algumas coisas que fiz, mas não me arrependo, pois acredito que até s erros ajudam a gente a melhorar, mas, apesar de tudo, me orgulho da minha história, da educação que recebi, dos meus pequenos feitos - que muitas vezes foram grandes passos -, de pagar sozinha a minha faculdade e todas as minhas besteiras, luxos e necessidades. Não sou e nunca fui mimada. Me orgulho da minha idade. Admito que falem o que quiserem, desde que me conheçam, desde que tenham se dado a chance de me conhecer, desde que tenham conhecido um pingo da minha história, um pingo de mim.
"Saber" meu nome, meu endereço, como "estou" em um "ambiente" não trazem dados suficientes para um julgamento.
"Saber" MINHA IDADE não significa saber minha história, por onde passei, o que almejei e o que sonhei.


Dizer que por que tenho 27 anos e por isso não SIRVO para SERVIR um movimento que ajudei a manter, a sustentar, a EXISTIR, não é admissível!
Ajudei? Eu ajudei, tu ajustaste, ele/ela ajudou, nós, ajudamos, vós ajudastes, ELES/ELAS ajudaram!
EU ajudo, TU ajudas, ELE/ELA ajuda, NÓS ajudamos, VÓS ajudais, ELES/ELAS ajudam!


Nós construímos e mantemos esse movimento, essa tradição, essas histórias, essas lendas, essas poesias, essas música, esse tudo vivo! Nós mantemos as danças vivas e dançadas! Mesmo que VOCÊS mudem o propósito de se dançar, e queiram nos tornar robôs dançantes, coisas estúpidas sem alma e sem vida.


Nós trabalhamos inclusive nos finais de semana para sustentar CTGs, DTGs, Piquetes, para sustentar nós mesmos que ALÉM DE VIVER, temos que pagar indumentárias, instrutores, músicos e sair pelo estado atrás de reuniões, convenções, assembleias, CERTIFICADOS e NOTAS.


Nós deixamos muito de lado em prol de uma cultura que gostamos, de histórias que acreditamos e de uma preservação que queremos. Deixamos a boa educação de lado e "saímos no braço" tentando defender e explicar aos desavisados (e não se espantem, mais da metade do Rio Grande também é) que a cultura é patrimônio de todos, que o gaúcho não é um monstro; que não copiamos nada, abraçamos todos os povos e reproduzimos esse todo que o Rio Grande; essa mistura de gentes e raças que trouxeram um pouquinho de cada canto para que o Sul fosse essa coisa linda e misturada que é hoje.


Nós fomos à guerra quando preciso, ficamos em casa quando necessário. Cuidamos de estâncias, de feridos, de comércio, de roupas maltrapilhas, de homens, soldados e filhos. Nós fomos NECESSÁRIAS quando "descoberto" que algumas danças necessitavam de mulheres, e que por isso, os CTGs deveriam se abrir para mulheres.
Somos cantoras, escritoras, poetisas, professoras, dançarinas, patroas... Geramos os filhos do Rio Grande, mas continuamos sendo tratadas como "a escória necessária para manutenção"...


Em pouco tempo nem dançarinas mais poderemos ser, pois uma "lei divina" se abaterá sobre os homens dizendo que nossos corpos não podem ser "maltratados" para isso, por causa da osteoporose, só pode!?


"Vocês podem não ser velhas, mas já não são tão jovens não..." Como é que alguém que não nos conhece tem a cara de pau de dizer isso? De ver uma prenda na flor da idade, bela como nunca, inteligente como nunca, dona de si como nunca e falar um impropério destes??????????
Somos donos de nós mesmas, senhoras de nossas vontades. Conquistamos o direito ao trabalho, ao voto, a ter filhos quando quisermos, a trabalhar, a ser quem quisermos e ainda há alguém que DITE o que podemos ou não fazer com nossos corpos? Por que meu corpo serve pra dançar e trabalhar no CTG e não serve pra representar o RS?


Ah, desculpe, "esqueci que me lembrei" que gente com conteúdo e cérebro na cabeça, ainda mais sendo mulher, não é bem vinda no Movimento. Querem que sejamos bonecas de repetição, robozinhas com muita maquiagem e nenhum conteúdo. PERDÃO, pouco conteúdo, por que temos que passar por prova de inteligência e de escrita pra provar que sabemos alguma coisa, assim como provamos que sabemos fazer comida e temos dotes artesanais.
É isso aí, moldem as futuras Misses plásticas do Rio Grande do Sul, Miss Piscinas, Senhorita não sei o quê...


Só digo que quando ia perder de vez meu respeito por esse movimento "celeste", lembrei de Paixão Côrtes, que muitas vezes é criticado e debochado por todos... Todos que pouco sabem sobre o real objetivo da criação dos CTGs e tals... O que ele e aquele bando de jovens idealizaram não é o que temos hoje... Ah, não.
Mas enquanto Tainás existirem por aí, acho que ainda dá pra aguentar defender essa cultura de "bota e bombacha".


E repito, VELHO É O CONCEITO DO MTG. VELHO É O QUE HÁ DENTRO DA CABEÇA desses comandantes, que acham que têm o direito de nos classificarem como velhas: rótulo é pra geleias. E enquanto me rotularem de "velha", os chamo também como quiser!


Ah sim... Há anos atrás queimaram sutiãs... Não sou feminista, mas agora adoraria promover uma queima de bombachinhas!


Medo de falar o que penso e levar punição? Dá. Mas me corrói mais o medo de ter que ficar de boca fechada frente a tudo isso!


Beijos,
Marina
Ex-1ª Prenda do CTG Laço Velho
Ex-3ª Prenda da 11ª RT
Ex-Sota-Capataz de 2 gestões
Ex-Participante do Departamento Jovem
Ex-professora de danças da Dente-de-leite
Ex-dançarina de CTG
GAÚCHA, de 27 anos, COM MUITO ORGULHO!
GAÚCHA, POR nascimento e opção!

domingo, 24 de julho de 2011

Tristeza que vem de dentro

Eu ia escrever, mas perdi todos os piques e fios da meada que tinham aparecido.
Estou numa fase pior do que ruim, e sei disso por que pela primeira vez na vida eu não consigo aguentar e dizer "estou bem, está tudo bem, maravilha". Me preocupa por que este estado não me deixa andar pra frente, vai me torturando e me matando. Sei que uma hora algumas coisas são ditas, na hora certa a raiva seca e pelo menos uma parte das coisas são esclarecidas, mas isso de agora é uma bola de neve... Eu não consigo conviver com meias verdades ou falsidade, não consigo ficar sem respostas.

Estava tudo bem, maravilhoso demais pro meu gosto, e aí vem um "vento" e revira tudo. Deixa tudo de cabeça para baixo.
Estou acostumada a desconfiar da simpatia, do interesse, da aproximação das pessoas, das "propostas". Um passo em falso, uma tentativa de confiança, dá no que deu. Abrir o peito e falar a verdade pra ter sua própria história dita como mentira, jogada na sua cara como uma luva suja. Tentar fazer diferente, ser diferente, melhorar... E só receber grosserias como resposta. Promessas, convites e a eterna espera.

Aí, tu te toca que deveria ter pulado fora do barco no primeiro "desaparecimento".
Quando se começa assim, já se conhece todo o resto da história.

Mais um pra lista de "não presta": gaudério, dançarino, nerd, gordinho, de rodinhas, rockeiro, pagodeiro - ou sambista, como preferir... Agora falta um bandido, quem sabe um assassino, vai que preste?
Bom. De repente um assassino sirva mesmo, pra me matar de uma vez por que pelo amor de Deus... Vá ter dedo podre assim no quinto dos infernos. Para-raio de encrenca, traste e homem falso: muito prazer.

Falei, teoria comprovado. Não são eles o problema, sou eu. Eu preciso muito saber qual é o meu problema. Isso não me deixa em paz, me tira o sono, me tira do sério.
Mas me tira mais do sério ainda o silêncio.

Mas aprendi uma grande e valiosa lição: realmente, o homem é quem deve amar uma mulher, não o contrário.

Sempre estudei, sempre fui certinha, sempre cheguei cedo, avisei pra onde ia, quando voltava, com quem ia. Sempre falei a verdade, não menti, não roubei, ajudei amigos, colegas, quem precisava. Nunca pedi nada em troca, NADA. Só quis respeito e verdade, sempre...

Nos últimos tempos aprendi que a verdade não leva a nada. Que falar a verdade só traz prejuízo. Que querer as coisas certas é ridículo. Que investir só no estudo é uma baita bosta. Eu deveria ter investido mais em bunda e menos em cérebro, ter sido galinha, vaca, piranhona. Quem sabe assim as coisas sempre fossem melhores, né.
Toda vez que se tentar mudar e fazer diferente leva um tiro no meio da testa. Quando resolve ser você e só você mesma e tomas decisões sem o aval de muitos, corta um pouco as rédeas da vida e decide sem a opinião de ninguém, recebe costas, faces viradas e o rótulo de louco.
Sempre lutei muito pela verdade, pelo bem, pelas coisas verdadeiras e sinceras.
Acho que hoje morre muito em mim disso tudo, por que cansa, sinceramente cansa saber e nunca ver... Cansa ver tudo sempre igual, tentar mudar "a casa" e levar chumbo grosso...

Estou tão cansada da vida... Tão cansada...

Nunca acreditei nessa medicina que entope você de remédio pra curar algo que não existe, algo abstrato em seu corpo.
Amanhã juro que vou procurar um médico, pra que me receite algum remédio forte, muito forte, que me deixe grogue mesmo, e se possível, me faça cair de boca nos livros. Tenho um TCC pra pensar e fazer, e não tenho cabeça pra nada. Meus dias estão resumidos em fazer palhaçada pra esconder a tristeza e chorar. Chorar. Chorar.
Eu só queria não existir. Tipo, me tornar um grande nada. Eu já sou, mas um nada de verdade, uma pessoa sumida do mapa para todo o sempre e apagada de tudo definitivamente.

Eu já me entupi de comida, fiquei dormindo até o quanto podia pra o dia durar menos... Eu só queria ficar abobada pro resto da vida... E não sentir culpa por mais isso... A minha vida é assim, não consigo pensar nada sem me sentir culpada, sem achar que a culpa é minha, que é uma atrocidade dizer isso, fazer aquilo, querer aquilo lá... Eu tenho TOC, eu sei, mas não dá... Não pode ser só isso.

Hoje eu queria que ele nunca tivesse conversado comigo.

Hoje eu só queria dormir e não acordar nunca mais.



segunda-feira, 18 de julho de 2011

CSI na vida real...

Meu blog está entregue às traças...
Estou sem inspiração e em fase turbulenta da vida...

Enfim...
Criei coragem e assisti - atrasada em anos - o capítulo de CSI, Las Vegas, "For Warrick", com a morte do meu preto lindo, Warrick.
Ai que triste...
E ai que Grissom humano. Bah, lindo ver isso.

Ver a reação da Katherine me lembrou de uma perda... Do choque, da tristeza. Aqueles segundos em que ela chegou e viu o que menos se espera, são verdadeiramente humanos. E doloridos...
Lembrei da minha reação. A única possível perante o absurdo da vida. Do braço que me puxou de volta pra terra e segurou minha mão pra que meus olhos enxergassem a realidade.

Sabe aqueles segundos sem ar, sem pensamento, sem visão, sem nada...??? Silêncio total. Eu tenho medo desse silêncio até hoje.
Não gosto do seu "barulho".

Lembrei disso...

Obrigada "tia" Leane. No meio do "silêncio", a senhora não me deixou sozinha.

Beijos,
Boa semana,
Marina

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Unam-se Prendas VELHAS do Rio Grande e do Brasil!!!!



Posso dançar, possa estudar, posso aprender a declamar, aprender a tocar violão, violino, gaita, flauta, posso fazer doces, mostrar que tenho dotes domésticos de mulherzinha, aprender bordados, decorar poesias, escolher poesias, dançar dança de salão, escrever um conto, escrever poesia.
Posso passar 4 horas corridas dançando, ensaiando, aprendendo coreografias. Desafiando meu corpo e minha mente pra aprender, pra fazer bonito, pra ficar harmônica e leve como uma pluma. Ou mecância como um robô...
Posso fazer parte do Departamento Cultural, Campeiro, de Esportes, Artístico, ajuda a coordenar invernadas, ser estudiosa de indumentárias, craque em regulamentos, fazer parte de uma Patronagem. Também posso deixar de lado a minha vida, a minha família, os meus amigos, o que gosto, os meus estudos para me dedicar ao CTG, ao mundo tradicionalista.
Posso se humilhada, maltratada, debochada, por que simplesmente alguns não gostam de minha entidade, e nem sequer sabem que EU sou, ou a realidade de minha entidade. Posso me tornar prenda regional e passar por um inferno, com o aval de quem deveria impedir que isso acontecesse...

Mas não posso concorrer mais ao cargo de Prenda. Prenda da minha entidade, da minha região, muito prenda DO MEU ESTADO.
Motivo: sou uma prenda velha.
Sou considerada uma prenda velha. Por consequência, uma mulher velha, uma incapacitada.


Justo agora que tenho consciência do que é o tradicionalismo, de quem é o MTG, do papel de minha região tradicionalista.
Sou uma prenda velha, desprezada pela minha própria causa...


Pois então, finalmente uma de nós dará a cara a tapa. Conheçam Tainá Valenzuela, apoiem e divulguem sua ideia e proposição. Por que VELHOS são os conceitos do MTG. Nós, somos maduras.



Tainá Valenzuela: Alteração Regulamento Ciranda - Proposição para a ...: "Prezados! Conversando com tantos e tantas Rio Grande afora, chegamos a conclusão que era hora desta proposição chegar até a Convenção. A p..."

Um beijo a todos, e a todas as prendas velhas, desprezadas e diferenciadas pela cultura tradicionalista,
Marina
27 anos, com orgulho.

CTG Laço Velho - 11ª RT