terça-feira, 26 de agosto de 2014

Perdi a quantia das vezes que falei tchau. Que ouvi uma tosse e me levantei. Que ouvi um "raspadinho" no chão e corri. Que qualquer barulho me fez levantar, correr, virar pra trás.
Perdi a conta de quantas vezes entrei no mercado e quis sair correndo, porque não precisava mais comprar nada em promoção. Nem procurar fralda, nem remédio, nem contar moeda no fim do mês pra ter tudo certinho.
Perdi as contas de quantas vezes vou pra porta do meu quarto antes de dormir dar uma olhada. Ver se as cobertas estão se mexendo. Perdi a conta de quantas vezes eu não passei meu creme nas mãos antes de dormir.
A gente espera o tempo voltar, acha que pode desfazer o que passou.
Perdi a conta das coisas que eu penso antes de fazer, da água que vou tomar antes de dormir, que não preciso mais obrigatoriamente trocar. Batida no chão, barulho do pote, choramingo. Eles estão aí, mas não são o que eu espero encontrar.
Eu não perdi a conta. A gente não conta nada dessas coisas, não dá pra numerar. A gente não processa mais. Eu não processo nada que envolva dor.
Tudo tem seu tempo. Eu ando somando a perda das contas. Nunca fui boa em matemática, mas sei que não existe um cálculo possível para tudo isso. Conheço o símbolo do infinito, aprendi a dividir, logo vou aprender a voltar a multiplicar. O infinito agora tem outro significado.
Infinito tem um símbolo, mas 4 letras, muito amor e uma saudade que gira e volta e continua...

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Vazio

Hoje acordei. Mas eu acordei e a primeira coisa que eu senti, foi algo estranho, mas eu senti um vazio. Não era grande, não era profundo, era, talvez, aterrador, porque era um vazio vazio. Bem assim. Vazio.
Um buraco, sem explicação, como se faltasse algo, uma coisa que não se sabe explicar, onde fica, o que é. Senti um vazio. Esse vazio todo dá medo, angústia, deixa a gente perdido e desnorteado. É só um vazio abismal, bruto, cru.
Mais tarde, quando fiquei brava, ou seria furiosa, ou seria puta da cara, ou seria indignada, ou seria furiosa, nem sei! Sei que mais tarde fiquei num misto de descontentamento, frustração e braveza, eu senti bem aquele lugar, bem ali no meio do corpo, me veio a sensação de eu era uma melancia explodindo, de dentro pra fora, para todos os lados, em zilhões de pedacinhozinhos.
Que raiva que dá!
A vida, nem vida! Pobrezinha, quem atropela a gente são as pessoas, nem sempre a pobre vida. As pessoas atropelam as outras, abusam, sobem, pisoteiam. Colocam um sorriso no rosto e deu, cabou. O outro vai reagir? Não, né! E que fase paz e amor... Esse mundo cansa, as pessoas cansam a gente, a boa vontade da gente, o amor da gente, a "beleza" da gente, a paciência da gente. A gente pisa na gente, porque está tudo bem.
É um vazio abrupto, solto, contido, misturado, bagunçado, mas presente. Ele é inteiro. Ele é pesado e continua ali no meio do corpo, ali, bem na divisão das costelas, sabe. É como se uma pedra estivesse se alastrando pelo corpo, pela alma, espírito, e solidificando tudo. Pesando tudo.
Nem sei como cheguei até aqui. Só disso, que hoje eu acordei e senti um vazio. Vamos ver como faremos para conviver com o máximo de paz...
Não gosto dele. Mas agora ele é meu.
Esse vazio é meu. É presente. (vazio presente, parece tão estranho isso...)
É vazio.