terça-feira, 27 de setembro de 2016

Facebook é pra gente fazer o que quiser. Então...
Ontem foi de uma delicadeza, de uma tristeza, de uma beleza assistir Velho Chico... De cortar o (meu) coração.
A gente pode imaginar o que se passa nas mentes e corações de quem lá está, a gente, de casa, pôde ver nos olhos dos outros.
Somos abutres? Somos telespectadores? Somos julgadores? Quem somos nós? Todos sabem o que aconteceu, a forma que aconteceu. Ninguém em sã consciência queria que tivesse acontecido.
Não é necessário explorar a dor alheia. É necessário fazer o que precisa ser feito. Com um trabalho em pleno curso qual o melhor caminho a seguir?
Todo dia mil programas exploram o show de horrores da vida. Ninguém precisa de mais disso.
Ontem pudemos ver a boa escolha, a boa homenagem, o respeito ao trabalho, a dor alheia e a singeleza de diálogos e cenas com alguém que não está lá. E ninguém precisa repetir como e porquê. A presença é maior do que isso. Aquelas lágrimas de canto de olho completam a cena dizendo tudo que precisa ser dito.
A presença singela está ali, nada mais precisa ser dito. Ou visto.

sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Vai ter festa SIM!

Tudo começa com: cada um sabe o que é melhor para a sua vida. E mais: ninguém tem nada a ver com isso.
Especialmente quando isso não influencia maleficamente a vida de ninguém.
Faz tempo que queria escrever, faz tempo que "volta e meia" leio reportagens e comentaristas bradando contra festas infantis, sobre gastos, sobre luxo, sobre banalidades. Eu também acho um absurdo o que a Eliana e o Wesley Safadão devem (atenção pra palavra) ter gasto nas festas dos seus filhos - que foram estampadas em portais e capas de revista -, mas quem sou eu para reclamar do dinheiro e das prioridades dos outros?
Trabalhando no ramo se vê e se aprende muito, e uma coisa muito importante que minha irmã sempre diz é que festa é supérfluo, se a pessoa pode fazer, faz, se não, não faz e tudo bem. E realmente é assim. Cada um tem seus motivos e desmotivos para fazer assim, assado, enrolado e tal. Comemorar um aniversário vai ser maravilhoso sempre que o amor estiver presente. É disso que se trata uma festa no salão, em casa, na piscina, no clube, na escola, onde quer que for.

Mas claro, ninguém é tão santo e puro que volta e meia não olhe para o lado com os olhos inquisidores e diga "ó, que desnecessário, que abuso, que absurdo".
Não lembro quando, mas há algum bom tempo, numa festa de um aninho de um menino, primeiramente estranhei, os pais fizeram um discurso, emocionado, bonito, agradecendo aquele ano e a todos que estavam ali; minha irmã me explicou que aconteceu alguma complicação quando o menininho nasceu. E então eu entendi aquilo.
 
Trabalhando no ramo de festas não faltam histórias, a gente vê e participa de muitas coisas e as vezes arregala os olhos como todo e qualquer comentarista de Facebook e da vida alheia. Agora vou contar o que eu me dei conta no ano passado.
Não sou mãe, não sei se serei, mas eu sou tia e tive a graça de acompanhar a gestação da minha irmã de pertinho. É diferente? É, completamente, mas quando se tem um pouco de sensibilidade e desgruda os olhos do próprio umbigo, percebe coisas incríveis...

A Cecilia nasceu bem, super bem (tô toda derretida só de lembrar), mas horas depois foi parar na UTI. E eu nunca vou conseguir dar um nome exato para o pânico, para o medo, para o tudo e o nada que eu senti naquele dia. A Lole me disse que foram 9 dias de hospital, 4 deles na UTI, para mim foi um mês inteiro, um ano inteiro naquele lugar.
Não interessam os detalhes.
Não sei até hoje quanto tempo fiquei plantada na porta da UTI esperando uma resposta, sei que foi mais de uma hora. O que eu vi ali, o que a gente vê em filme, eu enxerguei na vida real e senti na pele com o entrar e sair de gente daquele setor.
No quarto, chora um, chora outro. Trocas de quarto, porque mães "sem bebês" não ficam no mesmo que mães "com" bebês.
A história do indiozinho na UTI, que os pais, lá da aldeia, ligavam todos os dias pra saber como estava.
Naquele dia, uma moça no mesmo quarto teve gêmeas, prematuras, e o choro daquele mulher... Foi de tremer os ossos. Ouvir ela falar, chorar a falta de leite, a preocupação com as bebês... E nós tínhamos uma bebê na UTI, um serzinho enfrentando uma batalha.

O que eu vi, ouvi e senti naqueles dias me faz desviar eternamente desses críticos de plantão.
"A festa é pra adulto" ou "É só pra se fazer pros outros" ou "A criança nem aproveita". Larga a criança brincar ao invés de fazer tirar mil fotos pra ver se ela não aproveita!
Como é que eu vou julgar uma mãe por querer uma festa de arromba para um bebê? A gente nunca sabe o que move o outro, os motivos do outro. Cada um faz o que pode, o que dá. E tudo, tudo mesmo tem que ser feito com amor.

Agora, vou te dizer o seguinte, nós que trabalhamos no meio, como não vamos inventar mil luxirices e pótchis para comemorar o melhor ano das nossas vidas? Se temos mil aparatos à mão, recursos infinitos, habilidade e AMOR, porque não? Se a festa da Ciça fosse no quiosque do Botafogo, seria igualmente maravilhosa, pela sobra do essencial, do invisível aos olhos, pela alegria, por tudo que ela passou.
Não cabe a mim, a ti ou a ninguém julgar a festa (RIDÍCULAAAAAAAA) do Wesley Safadão (vestido de príncipe), nem a da família que não tem dinheiro, mas a mãe vai fazer um bolinho, a tia vai fazer uns enfeites de plástico. Não cabe mesmo, porque só a gente sabe o quanto comemorar é importante, do jeito que for.

Então, vai ter luxo SIM, vai ter festa, SIM e se deixar, a tia vai ir fantasiada de princesa só pra agradar a Paçoca mais doce da vida de todos nós!
Tia-Dinda