quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O cabelo dela

Memórias vêm. Simples assim. Sem convite, sem hora, sem tempo, sem nada, só vêm. Chegam, tomam espaço e apareçam com seu "oi, sumida" tradicional. Foi assim que, arrumando o cabelo da minha sobrinha, a memória veio: cabelinho arrumado. Quando eu era pequena minha mãe arrumava meus cabelos. Fazia lacinhos de tecido, arrumava a maria-chiquinha, enfeitava, uma lindeza! Um primor! Tenho a lembrança de um lacinho branco, de bolinhas miúdas em tons de vermelho. Tenho a lembrança (será?) do primeiro dia de aula, (ser) 04 de março, algo a ver com dia de cinzas, e ela, arrumando meu cabelo. Quando a doença veio, nunca mais teve cabelo arrumado. Nada de enfeite, nada de cabelo crescente preso com grampinhos... Foi isso me que fez cair no choro arrumando o cabelo das minhas sobrinhas. Todo dia eu arrumo o cabelo de uma aluninha. Hoje a lembrança voltou. Arrumar o cabelo não é só "arrumar o cabelo"... É um gesto de amor, um afago, um afeto, uma lembrança docinha... Eu sei o que talvez ela sinta e nem sabe... E todo dia eu arrumo, o cabelinho mais bonitinho do mundo.

quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Afeto

Sonho besta, daqueles bem bobos e sem nexo, noção ou contexto certo.
Os alunos apresentavam peças na escola, de repente, "não mais que de repente", parte do elenco de La Casa de Papel adentra o palco e fala algumas poucas frases, como se apresentassem alguma peça. Fim da apresentação, muitas palmas, sei lá porque - no sonho - caí no choro. Acordei. Pensei o tradicional "ué". Abri o Instagram e tinha uma mensagem do Padre Fábio de Melo.
Acabei com a "sensação" de que o que me move é a emoção. É abraçar. é sentir, é tocar, é encostar nas pessoas. É ter gente humana e ser humana na sala de aula. É isso, é por isso e para isso que me tornei professora.

Esse ano vai ser "osso". Vou usar o termo "bastante'; então... bastante desafiador e desafiante para mim. Por razões várias. Especialmente, talvez, porque, nem tudo é para sempre e o que temos como "chão" nem sempre estará ali. Então, me permitir que eu seja eu, do meu jeito, com meu afeto, é tudo que posso fazer por mim. E para os outros.