Azeda, brava, briguenta, nervosa... Doce, meiga, amiga, amorosa... Todas as eus e nenhuma de nós...
quinta-feira, 17 de dezembro de 2020
O cabelo dela
Memórias vêm. Simples assim. Sem convite, sem hora, sem tempo, sem nada, só vêm. Chegam, tomam espaço e apareçam com seu "oi, sumida" tradicional.
Foi assim que, arrumando o cabelo da minha sobrinha, a memória veio: cabelinho arrumado.
Quando eu era pequena minha mãe arrumava meus cabelos. Fazia lacinhos de tecido, arrumava a maria-chiquinha, enfeitava, uma lindeza! Um primor! Tenho a lembrança de um lacinho branco, de bolinhas miúdas em tons de vermelho. Tenho a lembrança (será?) do primeiro dia de aula, (ser) 04 de março, algo a ver com dia de cinzas, e ela, arrumando meu cabelo.
Quando a doença veio, nunca mais teve cabelo arrumado. Nada de enfeite, nada de cabelo crescente preso com grampinhos...
Foi isso me que fez cair no choro arrumando o cabelo das minhas sobrinhas.
Todo dia eu arrumo o cabelo de uma aluninha.
Hoje a lembrança voltou.
Arrumar o cabelo não é só "arrumar o cabelo"... É um gesto de amor, um afago, um afeto, uma lembrança docinha... Eu sei o que talvez ela sinta e nem sabe... E todo dia eu arrumo, o cabelinho mais bonitinho do mundo.
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