segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Saudade

Eu preciso contar...
Resolvi que hoje ia sim, deixar a rebeldia de lado, e levaria as térmicas de café e chá na cozinha pra D. Dilma encher.
Ninguém me disse que a cozinha do café mudou de lugar. Minha rebeldia voltou.

Sem paciência para perguntar a direção, eu ia voltar com as térmicas, e "se" tivesse vontade, voltava pro Núcleo (onde trabalho) e me ia de volta "em busca da cozinha perdida".
No meio do caminho, encontro uma professora desfilando com térmicas na mão, que gentil comenta sobre o passeio para buscar café. Então, a rebeldia passa e pergunto aonde fica, e logo me vou, buscar café "lá perto da lavanderia".

Entrei.
Há anos, há anos não entrava lá.
Foi só passar a cerquinha que o ar mudou. Sério, é verdade, parece que o ar mudou, como se o ar estivesse parado, como se há muito tudo tivesse parado.
Entrei na nova cozinha com um sorriso de orelha a orelha e falei pra D. Dilma que há muitos anos eu não entrava ali, local em que tínhamso nossas auals de Agroindústria. Que emprestou seus fogões, geladeiras e mesas para nossos experimentos de compotas, iogurtes, salames. E melhor, lugar pra onde fugíamos no recreio em disparada, pra pedir pro "paderro" um pãozinho quente pra comer.

A D. Dilma não deu a mínima para o que eu falei. Mas não consegui deixar de enxergar os meus amigos debruçados nas bancadas, nas mesas, a professora tentando explicar a fórmula do salitre, a porcentagem de condimentos. Enxerguei o nosso primeiro queijo... UM HORROR! Coagulante de menos, "potcheca" de mais.
Deu até pra sentir o gosto do iogurte que fizemos, e rever as colheradas de sabor aplicadas e misturadas pra dar um gostinho diferente.

Meu Deus, que saudade...

Larguei as térmicas e voltei. Passei pela porta com sorriso de orelha a orelha e lembrei da primeira vez que lá fomos.
Enxerguei o Bonês num canto, meio quieto, cabisbaixo, escondendo o choro... Confessando que aquele era seu primeiro aniversário sem a família...

Foi como se o mundo parasse a minha volta enquanto eu caminhava e enxergava todo mundo de novo.
Saí de lá sorrindo, mas com os olhos cheios de água salgada... Que até agora quer cair...

Me deu uma saudade... Mas uma saudade... De algo que eu nem sei o que é ou por que é, só sei que deu... E bateu tão forte, mas tão forte, que chega a doer no coração...

Acho que foi a melhor coisa que me aconteceu hoje. Nem sei se algo melhor acontecerá, mas que presente eu ganhei...
Deu saudade sim, e vontade de chorar... Mas foi uma sensação... Sei lá... Acho que eu não estou tão sozinha quanto penso.

Eu sinto muita saudade dos meus amigos. E acho que eu tinha me esquecido disso.

Gurizada, agricolinos... Eu amo muito vocês.

E acho que, sei lá... Eu adoro ir buscar o café. Falando nisso, já vou lá buscar minhas três térmicas!

Beijos,
Marina

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