terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ser ou não ser, eis a questão...

"Eu não sei dizer
O que quer dizer
O que vou dizer " Zeca Baleiro
Muda o ano e lá vem doze mil coisas à cabeça... São tantas contas que se dão na cabeça que a gente soma tudo e se dá conta de tudo e esquece tanto tudo que a BIOS entra em conflito.
Sobre dançar...
Bem... Sobre dançar... CRI CRI CRI CRI... Grilo cricrilante entra em ação, pela super primeira vez após 6 anos eu realmente não sei se quero continuar "aqui", "assim", "desse jeito". Se me perguntarem se eu gosto de dançar, é claro que responderei que sim, eu adoro!!!!!!!!!! Mas não sei mais se quero "isso". "Isso" que vejo todo santo ensaio... Esse descompromisso com o compromisso que se assume quando se diz "eu quero". Esse descompromisso com o elo, com o todo, com um caminho.
O povo quer o "gran finale", mas quer também pular toda trajetória. Quer sair rasgando as páginas do livro pra chegar mais perto do final. Atalhar a curva. Comer só o recheio. Pegar o lucro e ir pra festa.

EIIII, quem ganha sua sangue. Quem ganha passa frio. Quem ganha perde (e quem dança sabe o quanto perde...). Quem ganha ENSAIA.

Abdiquei muito pela dança. Larguei às traças a minha família em momentos que eu deveria estar mais em casa do que fora dela. Deixei de ir a passeios, investi muito em pilchas (as nossas roupas, indumentárias; nunca diga fantasias!), gastei em viagens, rodeios e apresentações. Prejudiquei minha saúde pela dança. Abandonei meus amigos. Disse "não" pra incontáveis convites da parceria, por que eu tinha ensaio. Fiquei doente. Pra onde fui??? Pro ensaio!
Não pensei mais em intercâmbio. Não procurei empregos que me roubassem o sábado (menos ainda o domingo). Deixei de viajar, de visitar, de encontrar os amores da minha vida: meus colegas de 2º grau (e só quem estudou em escola Agrotécnica pode dizer). Minhas cachorras passearam menos, eu saí pra passear menos ainda e limitei meus trajetos todos até o CTG. Acordo, ajudo em casa, saio correndo com um armário na mochila, vou pro trabalho, vou direto pegar ônibus, 2 horas de viagem até a faculdade, aula, mais quase 2 horas pra voltar e vou jantar decentemente? Dormir, depois de um dia cansativo? Não! Vou pro CTG ensaiar até as 2h da madrugada.
Estudar??? Estudar??? Chega uma hora que o que menos você consegue estudar é conteúdo de faculdade, e se concentra só nas danças. Danças. Danças. Danças. Danças. Danças.
Não admito errar.

Mas, ao que parece, estou errando.
Errando toda a minha vida.

Por que enquanto eu sou a pessoa procurada e questionada "você pode faltar mais uma aula" (mesmo que você pague sua mensalidade, e tenha que pagar transporte mesmo sem ir), "olha tem apresentação, mas a fulana - que não pode nunca fazer nada - não"pode" ir, você vai então, tá!", a fulana vai visitar o pônei vesgo da tia da vó do primo da amiga da enteada do ciclano. Ué, afinal você sempre pode tudo! Você deixou sua vida ser DANÇA e se tornou um cavalinho de pau, manipulado pela necessidade de um grupo, pois tem um coração de manteiga, que pode passar por cima de si própria, mas nunca de seu grupo.

É muita mesquinharia, muita baixaria, muita maldade, muita falsidade...

Eu não quero mais me sentir assim, compactuando com coisas ruins, com o errado. Sendo a bobinha da corte, que dança com um sorrisão largo no rosto e uma faca no coração.
Tenho saudade do tempo que eu sentia a dança tomando conta do meu corpo, me ambalando... Jamais pensei que dançar doesse tanto...
Será que vale tudo isso?
Será que vale olhar pro lado e enxergar um grande nada? Gente que não quer nada com nada, e só sabe cobrar? E não se mexe??? Não se toca que ganhar é caminhar e conquistar, não pegar tudo pronto e só reclamar?

Será que ninguém aprendeu nada com a desclassificação da Macro??? Será que ninguém enxergou que quem errou foi um grupo e não uma pessoa só?
A soma de erros resultou no fim do ano mais cedo...

Não sei quanto mais estou disposta a doar da minha vida, enquanto os outros vão assistir jogos e jantar com a prima na pizzaria e sair pra dançar.
Não sei mais quantos hows do Nenhum vou doar, ou quantas noites de estudo vou dar de bandeja por um grupo que não consegue ser grupo. Que não "busca conhecimento", que não coloca pra fora o que sente...

Vou reclamar até o último instante em que me importar...
Não dá pra engolir quem acha que está tudo bom e certo... Comodismo é de doer nos ossos.

Você empenha sua vida, dá sua cara a tapa, coloca a mão no fogo e??? Nada, além do riso dos idiotas.
"Ser ou não ser, eis a questão: será mais nobre
Em nosso espírito sofrer pedras e setas
Com que a Fortuna, enfurecida, nos alveja,
Ou insurgir-nos contra um mar de provações
E em luta pôr-lhes fim?
(...)
O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação."
William Shakespeare

Fui-me.

Beijos da
Nina

***Acho que a gente já sabe como essa 'ladainha' vai terminar, não?... Mas um dia... Um dia... O príncipe encantado vai vir me salvar, e me levar embora do grupo de danças dourado...
Só rindo pra não chorar... hehe ***




2 comentários:

* * Espaço de Festas e Decorações * * Lorenza Dall'Onder disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
* * Espaço de Festas e Decorações * * Lorenza Dall'Onder disse...

Hoje li esse texto e achei que devia dar minha opinião, você sabe a minha opinião, mas eu não me importo em repetir. Fico feliz em ler esse texto e ver que tem um lado seu que admite que perdeu uma parte da vida em função dessa dança, do ctg...Eu acredito que você ame dançar, e não acho ruim que as pessoas tenham um hobby...um amor assim que dê alegria e as motive. Mas é preciso saber enxergar quando as coisas estão fora de controle...quando é hora de parar, tem que ter um limite. As coisas não podem ultrapassar o bom senso, pois tem muitas outras coisas na vida a que devemos nos dedicar, ninguém pode se doar totalmente a apenas uma coisa, sem ter abertura para outras. Teve sim momentos em que você deixou de ir pra faculdade (eu achei um absurdo visto que sua faculdade é cara, é longe e você quis tanto estar nela, deixou de ir para o trabalho (nem se fala nisso, pode ser um trabalho chato mas é dele que vem dinheiro, deixou de fazer os trabalhos em biscuit (por menores que sejam trazem lucro se você investir nisso) e deixou a família que precisava de ajuda e você não pode ajudar muito,como você diz no texto... e outros tantos episódios em que poderia estar presente, ajudando, participando e cadê? Ah óbvio, onde a Marina está...eu acho que sua vida, seu futuro, seus estudos, sua carreira precisam mais de você, da sua participação de corpo e alma e você os deixa de lado para estar em outro lugar...Parece uma lavagem cerebral...Eu não quero ofender ninguém que gosta tanto assim de estar lá, e também não conheço aquelas pessoas para dizer que são assim como você, do mesmo jeito, cegadas pelo efeito ctg. Mas eu gostaria apenas de incentivar esse lado que está vendo a necessidade de algo novo...chega um momento na vida que precisamos definir onde queremos chegar...eu não sou tão experiente assim para falar nisso, mas acredito que alguma coisa eu entenda...as coisas que são boas que passam pela nossa vida, os amigos que conquistamos, as lembranças boas, tudo isso não vai ser apagado da memória. E infelizmente ninguém pode congelar o tempo, o momento, as coisas não são iguais do princípio ao fim, por isso talvez você não sinta mais a dança te contagiar...porque aquilo que era para ser uma diversão, uma alegria, teve muitos momentos e tem, que são obrigação, que são desagradáveis...
Eu torço muito por você embora não sejamos as melhores irmãs do mundo, por isso sempre insisto nisso, eu espero ainda ver você virar esta página, não esquecê-la ou se afastar totalmente, mas se dedicar ao seu futuro, prestar atenção as pessoas ao seu redor e poder estar presente para elas quando elas precisam e não estar tão alienada e ocupada com as funções que você adotou para si dentro daquele ctg...Não é possível chegarmos a outros lugares sem procurar por caminhos novos!
Era isso...espere que não me leve a mal, escrevi numa boa! Beijos!